Protestos No Kings nos EUA juntam milhões em 50 Estados

Marchas contra políticas de Donald Trump mobilizam todo o país e reacendem debate sobre “deriva autoritária”

Os Protestos No Kings trouxeram gente para a rua em todos os 50 Estados, numa mobilização de grande escala contra as políticas de Donald Trump. Segundo os organizadores, milhões participaram em centenas de marchas pacíficas, numa jornada que teve eco mediático global e reabriu o debate sobre autoritarismo e limites constitucionais.

Ao longo do dia, a palavra-de-ordem foi clara: “No Kings”. A ideia resume o apelo a freios e contrapesos, ao respeito pela Constituição e à proteção de direitos cívicos que, na leitura dos participantes, têm estado sob pressão. Em muitas cidades, o amarelo dominou cartazes e faixas, num mar de mensagens que pediam “democracia sem atalhos” e “poder ao povo”.

As concentrações começaram cedo em capitais estaduais e estenderam-se a bairros residenciais e praças centrais. Em Washington, Nova Iorque, Chicago, Los Angeles e Atlanta, registaram-se enchentes que travaram o trânsito e obrigaram a reforços de segurança. Apesar do aparato policial, o tom manteve-se sereno: velas acesas, famílias com crianças e uma forte presença de professores, profissionais de saúde, estudantes e veteranos.

Para muitos, não se tratou apenas de discordância política, mas de um alerta cívico. O que mais se ouviu foram preocupações com a separação de poderes, a liberdade de imprensa, as regras eleitorais e o tratamento de migrantes. Houve ainda quem lembrasse decisões judiciais recentes e medidas executivas contestadas, vistas como sinais de uma “deriva” que merece escrutínio público.

As reações da esfera política surgiram quase em simultâneo. Responsáveis da Administração e aliados do ex-Presidente desvalorizaram as marchas, classificando-as como “partidarizadas”. Do outro lado, autarcas e representantes estaduais defenderam que as ruas mostraram “a melhor face da democracia”: discordância vigorosa, mas pacífica, e um apelo a instituições fortes.

A organização nacional por detrás do movimento sublinhou a não-violência e o caráter descentralizado da ação, lembrando que os atos foram preparados por redes locais de voluntários. Ao final da tarde, anunciou-se uma nova reunião para consolidar próximos passos, que podem incluir vigílias, campanhas de esclarecimento e acompanhamento de processos legislativos.

Em termos práticos, o dia deixou imagens marcantes: praças cheias ao pôr do sol, cartazes feitos à mão, tambores a marcar o ritmo das palavras de ordem. Para quem participou, fica a sensação de comunidade e a convicção de que “ninguém governa sozinho num sistema que depende do consentimento dos governados”. Para quem observou à distância, fica a fotografia de um país plural, onde o confronto de ideias se faz — ainda — no espaço público e à vista de todos.

No balanço final, permanece uma nota de prudência: os números exatos de adesão serão refinados por contagens independentes. Mas há um ponto em que muitos parecem concordar — a jornada No Kings foi uma das mobilizações cívicas mais abrangentes dos últimos anos, e o debate que acendeu não termina aqui.

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Fonte oficial:
Associated Press