Drone ucraniano provoca incêndio na maior unidade do mundo; Gazprom suspende receção de gás do Cazaquistão e avalia danos
A Ucrânia atingiu o complexo de gás da Gazprom em Orenburgo com um ataque de drones que provocou um incêndio e levou à suspensão da entrada de gás do Cazaquistão na mega-planta. As autoridades regionais reportaram danos num dos ateliers do complexo e ausência de vítimas, enquanto Kiev confirmou a operação. O episódio volta a colocar a energia no centro da guerra e pode mexer com mercados e logística na Eurásia.
O complexo de Orenburgo, junto à fronteira cazaque, é apontado como o maior do mundo no processamento de gás. O Ministério da Energia do Cazaquistão indicou que a Gazprom parou temporariamente de receber gás do campo de Karachaganak, monitorizando eventuais impactos na produção.
A Força Aérea ucraniana acrescentou que, na mesma vaga, atingiu também a refinaria de Novokuibyshevsk (Samara). Governadores russos relataram interceções de dezenas de drones e constrangimentos temporários nalguns serviços.
O ataque desta domingo, 19 de outubro de 2025, atingiu o coração da infraestrutura russa de gás em Orenburgo, um hub que processa volumes gigantes de gás de origem russa e cazaque. De acordo com comunicados oficiais, o fogo deflagrou numa oficina do complexo, tendo sido mobilizados meios de emergência para o local. Não há registo de feridos.
Kiev confirmou a autoria do ataque, enquadrando-o na estratégia de pressionar a capacidade energética russa e disrupt as cadeias de abastecimento de combustíveis. Na mesma operação, a Ucrânia reivindicou danos numa refinaria em Samara, a centenas de quilómetros da fronteira, sinalizando o alcance crescente dos seus vetores não tripulados.
O Ministério da Energia do Cazaquistão informou, entretanto, que a Gazprom suspendeu a receção de gás do campo de Karachaganak, um dos maiores projetos do país, e que está a avaliar potenciais efeitos na produção de petróleo e gás (uma vez que a gestão do gás associado é crítica para manter a estabilidade dos campos). A tutela disse estar a monitorizar a situação de perto.
Do lado russo, autoridades regionais relataram a interceção de dezenas de drones durante a noite nas regiões de Samara, Saratov e Orenburgo, com perturbações temporárias em serviços locais. A Gazprom ainda não divulgou um calendário para a reposição integral da operação em Orenburgo nem uma estimativa de danos, o que mantém incerteza sobre potenciais reflexos nos fluxos transfronteiriços e nos preços spot de gás.
Para a Europa, o impacto imediato parece contido, mas a perceção de risco volta a subir: quanto mais profundas forem as paragens em infraestruturas de grande porte, maior a probabilidade de volatilidade em mercados e de ajustes logísticos nos corredores de exportação, sobretudo no espaço eurasiático. A situação cruza-se com o esforço europeu de reduzir a dependência de energia russa, em curso desde 2022.
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Fonte oficial:
• Reuters